Acidente de trem em Buenos Aires deixa 50 mortos e 675 feridos
A investigação do incidente foi aberta. Funcionária da linha férrea afirmou que "os freios falharam por causa da falta de investimento"
"O total de mortos chega a 50", afirmou na quarta-feira à noite Claudio Avruj, subsecretário de Direitos Humanos do governo de Buenos Aires, ao receber os números mais recentes do necrotério e do cemitério de Chacarita.
A colisão ocorreu às 08H35 (09H36 de Brasília) da quarta-feira, no terminal Once da capital argentina, depois que o trem não conseguiu frear.
O acidente foi o terceiro mais grave da história ferroviária da Argentina, após as tragédias em Benavidez (periferia norte de Buenos Aires), com 236 mortos em 1970, e em Santa Fé, com 55 mortos em 1978.
"Há pessoas com fraturas e ensanguentadas. Os feridos são muitos", declarou um passageiro, que se identificou apenas como Ezequiel e que viajava no segundo vagão, onde é autorizado o embarque com bicicletas.
Um dos vagões chegou a entrar seis metros no outro, segundo as autoridades.
"Havia pessoas que gritavam de desespero. Vi corpos mutilados e muito sangue. As cabeças de alguns passageiros ficaram presas nas janelas", disse à imprensa, na estação, um dos passageiros, Alejandro Velázquez.
A composição, da companhia privada TBA, trazia à capital 2.000 pessoas, na estrada de ferro Sarmiento, e entrou sem frear na plataforma 2 da estação, a uma velocidade de 20 quilômetros por hora.
Feridos – O secretário de Saúde de Buenos Aires, Jorge Lemus, revelou "600 feridos nos hospitais, 200 deles graves", mas o último boletim das autoridades informava 675 feridos.
A presidente Cristina Kirchner suspendeu uma entrevista que concederia na Casa de Governo sobre o estado do conflito com o Reino Unido pelas Ilhas Malvinas.
"A composição entrou na estação a uma velocidade de 20 quilômetros por hora" sem frear, por causas que ainda são investigadas, disse o secretário de Transporte do governo, Juan Pablo Schiavi, ao descrever o acidente.
Cenas da televisão local mostraram o resgate do maquinista, preso entre as ferragens retorcidas da locomotiva, entre outros feridos que eram transportados em macas.
"Senti a explosão do choque. Foi um barulho muito forte. O trem não freou. Vi gente machucada no colo, braços, pernas", informou à TV Pedro Fuentes, um dos passageiros.
A linha ferroviária urbana Sarmiento opera com intensidade em uma distância de até 70 km e transporta diariamente a cerca de meio milhão de pessoas.
Mais de 20 ambulâncias do serviço de emergência foram incorporadas ao resgate e os feridos mais graves foram transportados num helicóptero da polícia que aterrissou na praça Once, em frente a estação.
"Há pessoas com fraturas e ensanguentadas. Os feridos são muitos", declarou um passageiro, que se identificou apenas como Ezequiel.
"O trem estava muito cheio. O impacto foi tremendo. Eu vinha num vagão em que se pode viajar com bicicleta. As pessoas estavam desesperadas para sair", contou Ezequiel.
Myriam, outra passageira, contou à rádio Plata o que aconteceu: "estava com meus filhos de 6 e 4 anos. Em um piscar de olhos estávamos no chão. Nem sei como saímos".
Investigações – A investigação do incidente foi aberta, mas Mónica Slotauer, responsável pela limpeza da linha Sarmiento, afirmou que "os freios falharam por causa da falta de investimento" nesta linha férrea. Os trens utilizados pela empresa são da década de 1960.
O último acidente ferroviário ocorrido na Argentina aconteceu no dia 18 de dezembro, quando uma locomotiva se chocou contra um trem repleto de passageiros parado numa estação da periferia sul da capital, o acidente deixou 17 feridos.
Em 13 de setembro de 2011, nove pessoas morreram e 212 ficaram feridas no choque de dois trens e um ônibus numa passagem de nível do bairro metropolitano de Flores, a oeste, em um dos episódios mais graves dos últimos anos.
(Com agência France-Presse)